sábado, 29 de agosto de 2009

POESIA

Contemplo o lago mudo
Que uma brisa estremece
Não sei se penso em tudo
Ou se tudo me esquece

O lago nada me diz
Não sinto a brisa mexê-lo
Não sei se sou feliz
Nem se desejo sê-lo

Trémulos vincos risonhos
Na água adormecida
Por que fiz eu dos sonhos
A minha única vida?

Fernando Pessoa 4-8-1930



Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos, como animais envelhecidos:
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor,
vamos caindo ao chão, apodrecidos.

Eugénio de Andrade

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