sábado, 23 de abril de 2011

Fernando Pessoa





 Análise do Poema de Fernando Pessoa 

"Porque esqueci quem fui quando criança?"

Porque esqueci quem fui quando criança? 
Porque deslembra quem então era eu? 
Porque não há nenhuma semelhança 
Entre quem sou e fui? 
A criança que fui vive ou morreu? 
Sou outro? Veio um outro em mim viver? 
A vida, que em mim flui, em que é que flui? 
Houve em mim várias almas sucessivas 
Ou sou um só inconsciente ser?
...
DAQUI
Prefiro rosas, meu amor, à pátria,
E antes magnólias amo
Que a glória e a virtude. 

Logo que a vida me não canse, deixo
Que a vida por mim passe
Logo que eu fique o mesmo. 

Que importa àquele a quem já nada importa
Que um perca e outro vença,
Se a aurora raia sempre, 

Se cada ano com a Primavera
As folhas aparecem
E com o Outono cessam?
E o resto, as outras coisas que os humanos
Acrescentam à vida,
Que me aumentam na alma? 

Nada, salvo o desejo de indiferença
E a confiança mole
Na hora fugitiva.
DAQUI

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